Soraya El Khatib, CEO da S Cosméticos do Bem, é entrevistada pelo portal G1 em reportagem sobre presença feminina no mundo empreendedor. Confira!
Por Fernando Pacífico, g1 Campinas e Região
O número de mulheres fundadoras de “empresas-filhas” da Unicamp aumentou 59,2% entre 2019 e o ano passado, segundo dados fornecidos pela Agência de Inovação Inova, da universidade estadual, ao g1. Por outro lado, o grupo de homens que figura como fundador ou sócio das companhias representa 80% do total e o indicador, na avaliação da instituição e da primeira mulher vencedora do prêmio de empreendedorismo no parque científico, mostra reflexos da desigualdade de gênero na sociedade.
As empresas-filhas são companhias criadas por profissionais ligados à Unicamp, como ex-alunos, funcionários e professores, ou que tenham como atividade principal uma tecnologia licenciada da universidade estadual. No período avaliado, o total de mulheres à frente das instituições cadastradas passou de 206 para 328, e o número de homens subiu de 997 para 1.343, neste caso, alta de 34,7%.
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Primeiro prêmio e choro em casa
Soraya El Khatib, de 50 anos, se diverte ao lembrar de percalços na transição entre um emprego estável e bem remunerado para o empreendedorismo, há 11 anos. “Quando falei para o meu filho que ia sair do meu emprego, onde ganhava super bem, ele ficou desesperado, chorou uma semana. Ele tinha várias regalias e não ia ter mais”, brincou a CEO de uma startup que desenvolve cosméticos com as chamadas tecnologias limpas – focam em beleza e equilíbrio, sem prejudicar o meio ambiente.
Primeira mulher a vencer o prêmio “Empreendedor (a) do Ano”, da Unicamp, ela está à frente de uma empresa que passou a ser de base tecnológica em 2015 e demandou investimento de pelo menos R$ 3 milhões. A equipe atual tem seis profissionais e cinco são mulheres.
“As mulheres estão chegando com tudo e vão dominar, mesmo o mercado onde as empresas são de base tecnológica. Isso não aconteceu ainda porque falta autoconhecimento, coragem, muitas vezes falta desenvolver postura suficiente para lidar com um universo predominantemente masculino, é preciso ir constantemente atrás do conhecimento”, pondera antes de mencionar que, mesmo quem segue todos estes passos, não tem uma garantia de sucesso no universo do empreendedorismo.
“Conheci projetos maravilhosos em que as mulheres não conseguiram levar adiante por conta de demandas domésticas. Enquanto não tiver equidade em relação às tarefas domésticas, por exemplo, fica difícil para empreender […] Eu tive que passar desafios de relacionamento para ter meu espaço, desbravar caminhos, não é só conseguir recursos, mas estar em harmonia com ambiente, todo mundo precisa apoiar, principalmente familiares”, contou.